quinta-feira, 29 de maio de 2008

Dieta DASH: Uma Nova Abordagem no Tratamento da Hipertensão


Diminua sua pressão modificando seus hábitos alimentares”. Essa é a proposta da dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), uma abordagem não farmacológica para um dos maiores problemas de saúde pública do mundo.
A Dieta DASH surgiu de um estudo multicêntrico randomizado, realizado em alguns centros universitários nos Estados Unidos, que testou o efeito de uma dieta-padrão sobre a pressão arterial. Este estudo envolveu 459 indivíduos adultos com pressão arterial sistólica menor que 160 mmHg e pressão diastólica entre 80 e 95 mmHg. Durante três semanas, os participantes ingeriram uma dieta controle pobre em frutas, vegetais e produtos lácteos. Depois disso, o grupo foi randomizado para, nas oito semanas seguintes, seguir uma de três dietas: a controle, descrita acima, outra rica em frutas e vegetais ou uma terceira que combinava frutas e vegetais com produtos derivados do leite com baixo teor de gordura e baixo teor de gordura saturada e total. O resultado da dieta combinada (DASH) nesse primeiro estudo foi a redução de 11,4 mmHg na pressão arterial sistólica e de 5,5 mmHg na pressão arterial diastólica dos pacientes hipertensos.
Para os pacientes com pré-hipertensão ou estágio 1 de hipertensão é sugerido a dieta DASH com restrição sódica. Essa dieta recomenda o consumo aumentado de frutas, verduras, grãos integrais, peixe, aves e gordura monoinsaturada, tendo como objetivo um consumo adequado de magnésio, potássio, cálcio, proteínas e fibras. Porém, é necessária uma redução na ingestão de gordura saturada, colesterol, carne vermelha, processados, doces, bebidas que contenham açúcar e o consumo moderado de álcool.
O consumo dos alimentos acima descritos, além da restrição sódica, parece ser particularmente importante na redução da pressão arterial. Em um estudo realizado com 810 indivíduos pré-hipertensos (pressão arterial sistólica de 120–139 mmHg e/ou diastólica de 80–89 mmHg) ou hipertensos em estágio 1 (pressão arterial sistólica 140–159 mmHg e/ou pressão arterial diastólica 90–99 mmHg), sem uso de anti-hipertensivos, a dieta DASH acompanhada de modificações no estilo de vida promoveu, após 18 meses, uma redução significativa da pressão arterial de cerca de 1,0 mmHg na pressão arterial sistólica e de 0,4 mmHg na pressão arterial diastólica.
Embora não haja informações sobre a adesão e efetividade dessas recomendações em longo prazo, os dados disponíveis justificam o caráter imperativo da recomendação. O manejo dietético de pacientes com hipertensão arterial, associado à mudanças no estilo de vida (perda de peso em caso de sobrepeso, consumo adequado de gorduras, redução de sal, atividade física regular, redução da ingestão alcoólica e abandono do tabagismo) pode contribuir para a redução da morbi-mortalidade decorrente de doenças cardiovasculares. Além disso, esta dieta parece não se restringir a tais benefícios. Enquanto novos trabalhos sugerem que a dieta DASH pode reduzir a incidência de certas neoplasias, outros apontam que seu teor de cálcio, vindo dos produtos lácteos, pode diminuir o risco de osteoporose e melhorar o turn over de cálcio nos ossos.
Em pacientes obesos, foi demonstrado que o consumo da dieta DASH melhorou a pressão arterial e melhorou a capacidade antioxidante dos mesmos. Mais recentemente, uma variação da dieta DASH com teor reduzido de calorias (1.500 Kcal) resultou em uma perda de peso e melhora no perfil metabólico em pacientes com síndrome metabólica.

Capacidade Antioxidante do Vinho


Estudos recentes mostram que o consumo regular de produtos derivados da uva, incluindo o vinho tinto e suco de uva roxa, reduz o risco de eventos coronários e inibe a agregação plaquetária. Em pacientes com doença arterial coronariana (DAC), estas bebidas mostraram um efeito antioxidante potente, pois melhoraram a função endotelial, induziram a vasodilatação dos vasos arteriais e inibiram a oxidação do colesterol LDL. Essas propriedades antioxidantes são atribuídas à presença dos polifenóis na casca e sementes da uva (GIEHL et al, 2007).

quarta-feira, 30 de abril de 2008

O efeito colateral de remédios de uso livre

Quando foram desenvolvidos, em 1952, os medicamentos à base de corticóides ou corticosteróides - hormônios produzidos quimicamente - ganharam o status de grande descoberta, por causa de suas propriedades antiinflamatórias. Eficazes, eles são capazes de curar alergias e dermatites em questão de dias. Três anos após sua criação, os primeiros efeitos colaterais começaram a ser catalogados. De acordo com um estudo publicado recentemente pelo "Journal American Academy of Dermatology", nos EUA, o mesmo mecanismo de ação dos remédios à base de corticóides responsável pela cura é também responsável pelos efeitos colaterais que surgem pelo uso indevido, dentre eles acne, osteoporose, glaucoma e hipertensão. O pior da história é que estes remédios podem ser obtidos sem receita médica em muitas farmácias brasileiras. Com isso, fica fácil abusar deles. Uma vez indicado, a pessoa poderá recorrer a ele toda vez que o problema reincidir. As crianças, que respondem por 30% da população mundial vítima de alergias e dermatites, acabam sendo as maiores vítimas. "Como a pele delas é mais fina e delicada, estão mais sujeitas aos efeitos colaterais dos corticóides", explica a professora de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Zilda Najjar. Existem vários tipos de corticosteróides e, com o tempo, novos são sintetizados. "O intuito é conseguir remédios mais potentes e com menos efeitos colaterais", explica Zilda. Eles são divididos em dois tipos: tópicos (de aplicação local, como pomadas, cremes e loções) e sistêmicos (como os inalatórios e orais). Outra classificação é quanto à eficiência: há os superpotentes, os potentes, os de média potência e os de baixa potência. Quanto mais potentes, maior a penetração na pele do paciente e maior a possibilidade de efeitos colaterais. Para áreas afetadas cuja pele é fina ou crianças, por exemplo, o melhor são os de baixa potência. Em caso de abuso (por automedicação) ou uso por tempo prolongado, os corticóides sistêmicos podem interferir no crescimento dos pequenos. Absorvidos em grandes quantidades pela pele, eles interferem na produção do corticóide natural pelas glândulas supra-renais. Nos adultos, a mesma medicação pode causar osteoporose, aumento de glicose no sangue, hipertensão e Síndrome de Cushing. Caracterizada por excesso de pelos no corpo, pressão alta e estrias, a disfunção tem tratamento específico, mas nem sempre as complicações têm cura. A dona de casa Maria Lúcia (sobrenome não revelado), de 59 anos, começou a desenvolver alguns dos sintomas da síndrome há dois anos, graças ao uso indiscriminado de um comprimido à base de corticóides. "Uma amiga me indicou para a minha dor de cabeça, mas eu tomava o tempo todo. Com o tempo, comecei a engordar, mas nem desconfiava que era por causa do remédio", diz ela, que comprava o medicamento de vendedores que se abasteciam no Paraguai. Hoje ela faz tratamento com um endocrinologista para controlar os sintomas da disfunção. Graças à má fama dos corticosteróides, muita gente deixa de usá-los. Zilda, no entanto, acha que essa fama de vilão é injusta. "Bem utilizados, eles são seguros", diz a dermatologista. O ideal, quando os sintomas da doença retornam, é procurar orientação médica. Colírios - O uso exagerado de colírios à base de corticóides constitui um capítulo extra nesta história. Indicados para casos graves de inflamação ocular - como a conjuntivite viral - eles podem provocar dependência física, intoxicação, infecções, glaucoma e, nos piores e não raros casos, perda parcial ou total da visão. "São poucos os casos de inflamação que realmente necessitam de colírios à base de corticóides", explica o oftalmologista do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo Newton Kara Júnior. Eles dão conforto para os olhos irritados e agem inibindo a chegada de células de defesa até os olhos. Com as defesas naturais deprimidas, os olhos ficam muito mais suscetíveis a infecções. Na maioria dos casos, não têm seu uso prescrito pelos oftalmologistas por mais de duas semanas. Segundo Kara, são três os grandes males que estes colírios podem provocar. O primeiro é a suscetibilidade às infecções. "Se a pessoa usou o colírio por causa de um desconforto, por exemplo, ela pode ficar com uma infecção", diz Kara. O segundo é a dependência física. "Os colírios à base de corticóides produzem um bem-estar artificial porque se a pessoa pára de usá-lo, os sintomas voltam ainda piores. É o que chamamos de efeito rebote", diz Kara. O terceiro, e mais grave, é o glaucoma, ou aumento da pressão intra-ocular. Ele acontece quando o colírio de corticóide é usado por muito tempo e também pode levar à perda da visão. Total ou parcial, a cegueira ocorre com mais freqüência em pessoas que já apresentavam alguma infecção por fungos ou herpes. Apesar de causarem sensação de bem-estar em olhos irritados, os colírios à base de corticóides não são insubstituíveis. O ideal, diz Kara, é tentar descobrir a causa do incômodo. Após feito o diagnóstico, o oftalmologista indicará um tipo específico de colírio.

Antipsicóticos Sedativos

Os antipsicóticos ou neurolépticos são medicamentos inibidores das funções psicomotoras, como é o caso da excitação e da agitação. Paralelamente eles atenuam também os distúrbios neuropsíquicos ditos psicóticos, tais como os delírios e as alucinações. São substâncias químicas sintéticas, capazes de atuar seletivamente em células nervosas que regulam os processos no homem e a conduta em animais.
Os neurolépticos sedativos são os anti-psicóticos cujo principal efeito é a sedação, ao contrário dos neurolépticos incisivos (como o Haloperidol, p. ex.) cujo efeito principal e a remoção de delírios e alucinações.
Dos neurolépticos incisivos fazem parte o Haloperidol, Penfluridol, Flufenazina, Fenotiazina, etc. Ao contrário dos sedativos, os incisivos têm baixa capacidade de sedação mas uma melhor atuação naquilo que se chama sintomas produtivos das psicoses (delírios e alucinações), enquanto os sedativos têm melhor aplicação nos casos de agitação psicomotora.
Os neurolépticos atípicos não podem ser classificados de sedativos ou incisivos tendo em vista a diversidade de ação, ora cumprindo um objetivo, ora outro. São os antipsicóticos recentemente introduzidos no mercado que não se classificam nem como Fenotiazínicos, como Butirofenonas e nem como Ortopramidas.

Ansiolíticos e Tranqüilizantes

Quando falamos de ansiolíticos estamos falando, praticamente, dos benzodiazepínicos ou tranqüilizantes. De longe, os benzodiazepínicos são as drogas mais usadas em todo o mundo e, talvez por isso, consideradas um problema da saúde pública nos países mais desenvolvidos.
Os benzodiazepínicos são utilizados nas mais variadas formas de ansiedade e, infelizmente, sua indicação não tem obedecido, desejavelmente, a determinadas regras. Como bem diz Márcio Versiani(16), os benzodiazepínicos são ansiolíticos e nada mais que isso.
Não são antineuróticos, antipsicóticos ou antiinsônia, como pode estar pensando muitos clínicos e pacientes.
A melhor indicação para os benzodiazepínicos são nos casos onde a ansiedade NÃO faz parte da personalidade do paciente ou ainda, para os casos onde a ansiedade NÃO seja secundária a outro distúrbio psíquico.
Resumindo, serão bem indicados quando a ansiedade estiver muito bem delimitada no tempo e com uma causa bem definida.
Naturalmente podemos nos valer dos benzodiazepínicos como coadjuvantes do tratamento psiquiátrico, quando a causa básica da ansiedade ainda não estiver sendo prontamente resolvida. No caso, por exemplo, de um paciente deprimido e, conseqüentemente ansioso, os benzodiazepínicos podem ser úteis enquanto o tratamento antidepressivo não estiver exercendo o efeito desejável.
Trata-se, neste caso, de uma associação medicamentosa provisória e benéfica ao paciente. Entretanto, com a progressiva melhora do quadro depressivo não haverá mais embasamento para a continuidade dos benzodiazepínicos.

PERIGOS DA AUTOMEDICAÇÃO

Existem pessoas que fazem uso de medicamentos que sobraram, sem ter certeza de que se trata da mesma doença. Outras não sabem que a indicação do balconista, ou de amigos, pode induzir à compra de medicamentos sem garantia de qualidade. Outras ainda com uma única receita médica, no mesmo dia, compram várias vezes o mesmo remédio e o consome indiscriminadamente.
O dr. Abrão José Cury Jr, presidente da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, médico assistente da Universidade Federal de São Paulo e cardiologista do Hospital do Coração, dá exemplos de medicamentos freqüentemente consumidos sem indicação médica e mostra os perigos.

Laxante - Quando consumido indiscriminadamente pode levar a alterações intestinais. Se a pessoa estiver constipada (intestino preso), complica o quadro e pode levar à perfuração do intestino. Nos idosos, pode provocar desidratação e alterações metabólicas, colocando a vida em risco. Pessoas com tumor intestinal, em geral não diagnosticado, podem agravar a doença.

Xarope - A tosse pode ter várias causas, como infecção viral ou bacteriana, alergia, refluxo da hérnia de hiato e câncer das vias respiratórias. O xarope pode mascarar o sintoma, permitindo que a doença evolua sem controle, pode piorar o problema ou não ter efeito algum.

Antibiótico - Droga usada para tratar várias infecções, como as respiratórias, gripes e abscessos. Mesmo que a pessoa acerte na escolha, ao comprar sem indicação médica, pode errar no tipo e na dosagem, levando ao tratamento errado. Além disso, o indivíduo pode desenvolver resistência à droga e quando for realmente necessária, não terá efeito.

Antiácido - Muito usado para combater dor de estômago, que pode ser sintoma de úlcera, tumor, pancreatite e até de infarto do miocárdio. O uso inadequado pode retardar o diagnóstico, comprometer o tratamento e expor ao risco de morte.

Aspirina - Reconhecida como droga que previne o infarto, só pode ser consumida com indicação médica, mesmo no controle de outras doenças, porque tem efeitos colaterais importantes, podendo provocar problemas de estômago e hemorragias. Pode ser fatal se usada para combater a dengue.

Colírio - Sem indicação médica, a única coisa que se pode passar nos olhos é água limpa. Os colírios têm princípios ativos variados, como corticóides e antibióticos, podem mascarar ou exacerbar doenças e se a pessoa tiver problemas prévios, como glaucoma, pode agravá-los.

Cremes e pomadas - Muitas pessoas cometem o erro de achar que existem cremes e pomadas que tratam tudo, o que está errado porque cada um tem uma indicação adequada. O uso indiscriminado pode mascarar doenças, como câncer de pele, pode provocar dermatite de contato, ou pode não ter efeito.

Remédios naturais - Todos os medicamentos, sem exceção, têm efeitos colaterais e podem provocar riscos à saúde.

Vitaminas - Só devem ser tomadas quando há uma real necessidade até porque algumas, dependendo da dose, podem provocar doenças. A vitamina C, por exemplo, provoca distúrbios gastrointestinais e cálculo renal. A vitamina A, quando consumida por crianças, pode provocar hipertensão craniana.

Suplementos alimentares - Podem ter efeitos tóxicos, ou não fazer nada. Estudos em andamento, relacionam os suplementos com o desenvolvimento de arritmias cardíacas e com morte súbita.

Casamento de remédios - Algumas pessoas, ao acharem que estão com gripe, por exemplo, ingerem xarope para a tosse, que piora a secreção pulmonar, descongestionante nasal, que nos casos de sinusite e pneumonia piora o quadro, e injeções à base de eucalipto, absolutamente inúteis. Além disso, tudo junto pode provocar reações alérgicas e até choque anafilático.

"É importante que as pessoas saibam cuidar melhor da saúde, conheçam o risco da automedicação, valorizem mais o conhecimento médico e o ideal é que todos os medicamentos sejam vendidos apenas com retenção de receita", finaliza o dr. Abrão José Cury Jr.

Congresso debate os avanços e as dificuldades para se obter uma vacina contra o HIV

Os progressos e os desafios em relação ao desenvolvimento de uma vacina contra o HIV foram discutidos na tarde desta quarta-feira (16/4), durante o 2º Congresso da CPLP sobre DST/Aids, no Rio de Janeiro. Alberto Duarte, da Universidade de São Paulo (USP), lembrou que desenvolver uma vacina não é tarefa simples e pode levar de 9 a 18 anos ou até mais. Segundo o palestrante, apesar das dificuldades – que incluem a diversidade do vírus e das populações acometidas pela Aids, o custo elevado das pesquisas e o recrutamento de voluntários para os ensaios clínicos –, pode-se acreditar numa futura vacina contra o HIV, dados os conhecimentos já acumulados sobre o vírus e a resposta imunológica dos pacientes, bem como informações sobre pessoas expostas e não infectadas.
Ao apresentar um panorama dos esforços mundiais para o desenvolvimento de uma vacina anti-HIV ao longo de cerca de 20 anos de pesquisas, Duarte contabilizou 50 produtos candidatos a vacina, 180 ensaios clínicos e voluntários em 32 países. Dos quatro ensaios em fase mais adiantada que estavam em andamento até outubro de 2007, três foram paralisados e apenas um, da Tailândia, continua em evolução, de acordo com o professor.
Na ocasião, um projeto conduzido pela Fiocruz Pernambuco foi apresentado pelo pesquisador Luís Arraes. Ele comentou dados de estudo sobre um produto candidato a vacina terapêutica que, em macacos recém infectados pelo HIV, produziu queda da carga viral e aumento de células do sistema imunológico. Em testes preliminares com 18 pessoas portadoras do HIV, metade delas reagiu positivamente ao produto. “Os estudos continuam, mas ainda há muito trabalho a ser feito e perguntas a responder”, contou Arraes.
O encontro também teve a presença de Cristina Possas, do PN-DST/Aids, e Mauro Romero Leal Passos, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ele falou sobre as vacinas disponíveis contra HPV (leia a entrevista na AFN). Ela adiantou que, no início de setembro deste ano, será lançado oficialmente o Plano Nacional de Vacinas anti-HIV/Aids 2008-2012, que prevê condições adequadas para o financiamento e a regulação dos trabalhos, a criação de uma plataforma tecnológica para vacinas recombinantes e o incentivo das parcerias público-privadas, entre outras ações.