quarta-feira, 30 de abril de 2008

Congresso debate os avanços e as dificuldades para se obter uma vacina contra o HIV

Os progressos e os desafios em relação ao desenvolvimento de uma vacina contra o HIV foram discutidos na tarde desta quarta-feira (16/4), durante o 2º Congresso da CPLP sobre DST/Aids, no Rio de Janeiro. Alberto Duarte, da Universidade de São Paulo (USP), lembrou que desenvolver uma vacina não é tarefa simples e pode levar de 9 a 18 anos ou até mais. Segundo o palestrante, apesar das dificuldades – que incluem a diversidade do vírus e das populações acometidas pela Aids, o custo elevado das pesquisas e o recrutamento de voluntários para os ensaios clínicos –, pode-se acreditar numa futura vacina contra o HIV, dados os conhecimentos já acumulados sobre o vírus e a resposta imunológica dos pacientes, bem como informações sobre pessoas expostas e não infectadas.
Ao apresentar um panorama dos esforços mundiais para o desenvolvimento de uma vacina anti-HIV ao longo de cerca de 20 anos de pesquisas, Duarte contabilizou 50 produtos candidatos a vacina, 180 ensaios clínicos e voluntários em 32 países. Dos quatro ensaios em fase mais adiantada que estavam em andamento até outubro de 2007, três foram paralisados e apenas um, da Tailândia, continua em evolução, de acordo com o professor.
Na ocasião, um projeto conduzido pela Fiocruz Pernambuco foi apresentado pelo pesquisador Luís Arraes. Ele comentou dados de estudo sobre um produto candidato a vacina terapêutica que, em macacos recém infectados pelo HIV, produziu queda da carga viral e aumento de células do sistema imunológico. Em testes preliminares com 18 pessoas portadoras do HIV, metade delas reagiu positivamente ao produto. “Os estudos continuam, mas ainda há muito trabalho a ser feito e perguntas a responder”, contou Arraes.
O encontro também teve a presença de Cristina Possas, do PN-DST/Aids, e Mauro Romero Leal Passos, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ele falou sobre as vacinas disponíveis contra HPV (leia a entrevista na AFN). Ela adiantou que, no início de setembro deste ano, será lançado oficialmente o Plano Nacional de Vacinas anti-HIV/Aids 2008-2012, que prevê condições adequadas para o financiamento e a regulação dos trabalhos, a criação de uma plataforma tecnológica para vacinas recombinantes e o incentivo das parcerias público-privadas, entre outras ações.

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